Editar música em tempos musicais

Por que não devemos editar música sem levar em consideração os tempos musicais?

De um modo geral, vou falar um pouco sobre teoria e percepção de música pelo público leigo.

Toda música pop ocidental tem uma estrutura rítmica cíclica, organizada em pulsações (batidas que marcam o ritmo) de duração igual. Isso faz com que o ouvinte sinta a música e consiga acompanhar o ritmo estralando os dedos, dançando e até mesmo batendo o pé (sentindo o ciclo rítmico no corpo).

Uma música pop ocidental (como é o caso da grande maioria das músicas usadas na nossa publicidade) precisa ser editada em tempos musicais para não perdermos essa sensação de pulsação, que é a mesma que nos faz dançar, bater o pé e estralar os dedos, além de criar uma certa empatia do ritmo com o público (pela repetição organizada dos pulsos).

Para não perdermos o entendimento do padrão rítmico, sempre editamos a música cortando nos tempos fortes e isso nem sempre casa milimetricamente com a edição de um filme, pois nem sempre se editam as trocas de cenas junto com as batidas (pulsos) de uma música. Para o match ser perfeito, o "filme deve ser editado em cima da música" ou a música deve ser concebida desde o princípio em cima do corte do filme fechado (picture lock). Simplesmente recortar a música, e puxar para lá e para cá, sempre vai deixar com cara de recorte, mesmo quando bem feito.

Se editamos a música de forma a quebrar o ciclo de pulsações (sem levar em consideração os tempos musicais), quem está ouvindo acaba perdendo essa sensação de constância, gerando um estranhamento e até uma sensação ruim. Podemos fazer uma analogia com um DJ ruim que mixa as músicas fora de tempo e ninguém consegue dançar ou bater palma e, por consequência, a pista de dança esvazia.

Lou Schmidt

Lourenço Schmidt

Lourenço Schmidt, a.k.a. Lou Schmidt (born May 17, 1979 in Porto Alegre, Rs, Brazil), is a music producer, composer, and multi-instrumentalist rooted in São Paulo. Since 2000, he has been producing music albums and soundtracks for TV commercials, cinema, DVDs and theater. Lou has released two albums: Decompression (2016) e Universo em fade (2011), and is one of the partners at Antfood, an awarded Music House with studios in New York, São Paulo and Amsterdam.

https://www.louschmidt.com.br
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